30.1.07

escritos necessários

Porque tenho que votar-não.

“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”

Fazer um referendo admitindo que apenas um dos autores e não os dois -pai e mãe-é chamado a intervir,não é democrático.

Não é aceitável que à única decisora não seja facultada ajuda psicológica no processo de opção,que pode ser fruto de uma avaliação precipitada,precoce,fragilizada e não reflectiva.

Acreditar em Deus ,rezar pela Biblia e depois fazer orelhas moucas a todo o reconhecimento da vida uterina desde o início, que perpassa nos profetas e nos salmos como diz o lindo salmo 138(139

13. Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no
seiode minha mãe. 14. Sede bendito por me haverdes feito de modo tão
maravilhoso.Pelas vossas obras tão extraordinárias, conheceis até o fundo a
minha alma. 15.Nada de minha substância vos é oculto, quando fui formado
ocultamente, quando fui tecido nas entranhas subterrâneas
, não deixa de ser estranho e depreciativo da obra do Criador.

Dizer que nada existe antes das primeiras dez semanas e falar em interrupção -interromper é admitir que,no final, algo está a acontecer -a Vida.

Passar um atestado de bom comportamento à mulher só porque é mãe ou pensar que ela não pode ser manipulada ou obrigada é desconhecer a condição de pecadores de todos nós.Quando se fizer,nesta nossa sociedade ferozmente capitalista, uma industria de abortos para venda de placentas e células estaminais,não há legalmente nada que o possa impedir,até às dez semanas.

Este referendo não descriminaliza a mulher como falaciosamente faz crer o seu enunciado,mas sim ,legaliza o aborto.O facto de ser crime só penalizaria a mulher se houvesse culpa ,como é a regra do Direito Penal.

E ,em último, admitir que o Estado e nós todos abdicamos da responsabilidade de criar condições para que novos seres nasçam e se mantenham com dignidade ,aderindo ao seu descarte,como forma de solução, é uma derrota completa.

Assim ,em minha consciência,só posso votar não
,mas empenhando-me o mais possivel no apoio à mulher para que a nova vida seja acolhida em toda a sua dignidade,pois de outro modo o meu voto caíria ferido de hipocrisia!

25.1.07

escritos do baú


crónica de SEVERINO

Severino era alto,direito e enxuto de carnes a ponto de quase só ter a pele a tapar-lhe os ossos e nenhuma mulher havia logrado adoçar-lhe,pelo casamento,o feitio agreste.

.Muito honesto e trabalhador,fizera da sua vida um espaço de estrita obediência a principios severos e não poucas vezes,em errada interpretação,o que lhe acumulara ,em conjugação com humilhações reais e imaginárias da infância ,uma dose hiperbólica de azedume e desprezo pela humanidade.

Encontrava-se sempre preparado para apanhar as pessoas em falta,o que lhe dava um certo ânimo e satisfação.Lidar com ele,era ter sempre presente o principio,tão apregoado,nos filmes policiais americanos “Tudo que disser poderá ser usado contra si”.E durante décadas!.Assim a grande vantagem de nos mantermos apenas ouvintes,sem nos admirarmos de nada, nem nos ofendermos com o discurso terrivelmente cáustico,como se fossemos imunes aos virus de frustração e desespero,que o habitavam.

Encontrando-se o último descendente digno da velha família apreendera os centenários pergaminhos da estirpe,pois as novas gerações eram achadas inexistentes ou espúrias,acusadas do crime de haverem nascido,quando ele não tinha filhos.

Objecto de culto,quase de latria,pelas irmãs, também solteiras,que lhe agradeciam o não ter casado,para não as deixar sòzinhas,deram-lhe a certeza que era um ente superior a todos os outros homens do seu tempo e merecedor das exclusivas e únicas atenções dos que o rodeavam,que deviam adoptar as suas idéias e maneira de ser ,sem o que eram assimilados,de imediato,a produtos de latrina.

E para mostrar o soberbo desprezo aos familiares mais chegados,a quem atribuia imaginárias e constantes ofensas,mesmo antes de nascerem,deslocava-se expressamente à sua porta,para soberanamente não os visitar.

No entanto que expressão de dor,de grande sofrimento,quando morreu a irmã,que melhor conseguia chegar ao fundo do seu coração,depois de vencer as eriçadas barreiras de espinhos acerados que o rodeavam, e a imagem de umas pobres florinhas campestres esmagadas contra o seu peito,para colocar na campa,permaneceram na memória dos que o acompanharam no funeral.

voltando à ópera


uma das minhas favoritas e de problemática consistente

19.1.07

ópera

sem conhecer uma nota,sem ouvido para reproduzir um fio de música,mas um gosto imenso de ouvir.Orquestra,ópera,piano sempre foram vaso-dilatadores de tempos de maior pressão!!


16.1.07

20 anos e alguns dias nos final dos anos 50


28 de Agosto 20 anos e alguns dias-

a vida do homem é feita de medo-primeiro o grande medo da morte,depois o medo de todos os dias a guerra,a doença,a solidão...

Como a vida do homem é pequena,asfixiante e complicada,se não fosse Deus ,como isto seria vazio !
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Demorei tempo a adquirir um invencível verão...mas Deus foi caminhando na minha vida para que o verão chegasse apesar dos medos e dores!

15.1.07

um olhar sobre Lisboa

http://www.youtube.com/watch?v=MAOYr7mmp-4

árvores de Outono


as árvores despejam-se de folhas e enchem-se de novo e amarelecem numa pressa que manifesta quanto a vida engole depressa, os que lhe estão sujeitos

14.1.07

Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?"


às vezes é mesmo demais...abusam mesmo da nossa paciência como já os antigos diziam...horas pendurado numa fila de instituição q gasta preciosos e parcos euros em propaganda ás delicias de servir o cidadão....
e cara alegre,por favor!!

13.1.07

quase tudo



a quase tudo digo sim

2.1.07

um dia novo


Caminhar fazendo de cada novo dia um dia novo.
.no meio dos abrolhos e das flores..
. abrir o coração ao ritmo das gaivotas da madrugada...
dos mil sóis das praias desertas.
..dos murmúrios do silêncio fecundo...
Caminhar sempre...sem olhar para trás...

nem para frente...mas só para o breve instante...

poema de um ano novo em velho tempo